Neuromodulação e o futuro do tratamento da dor crônica
Postado em: 24/07/2023
Acordar, viver e dormir com dor. Esta é a rotina de pessoas que realizam atividades básicas, como caminhar ou trabalhar, com a presença de um desconforto intenso e frequente.
Considerada um mecanismo de defesa do organismo, a dor é classificada como crônica quando persiste por mais de três meses.
Geralmente, as dores agudas (provocadas por doenças ou acidentes) que não foram tratadas adequadamente se tornam crônicas. Essa condição afeta e impacta a funcionalidade do indivíduo, tanto na parte psíquica quanto social.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED), ao menos 37% da população (60 milhões de pessoas), relatam sentir dor crônica. A prevalência é maior em pacientes com mais de 60 anos.
Nos últimos anos, os avanços na pesquisa sobre a percepção da dor e a compreensão do funcionamento do nosso sistema nervoso abriram caminho para o desenvolvimento de novas abordagens no tratamento da dor crônica. Uma dessas inovações é a neuromodulação, técnica que tem transformado a vida de muitas pessoas ao oferecer alívio do desconforto intermitente.
Neste artigo, vamos explorar a dor crônica e as recentes formas de tratamento, com foco na neuromodulação. Confira!
O que é dor crônica?
A dor e a forma como ela se manifesta não é igual para todo mundo. Por isso, a sensação e presença costumam ser definidas pela própria pessoa. Chamamos de crônica a dor persistente, que incomoda o paciente por meses ou até mesmo anos. Limitações na mobilidade, redução de atividades (tendência ao sedentarismo) e fadiga estão entre os sintomas do problema.
Conheça as principais causas das dores crônicas:
- Fibromialgia;
- Cefaleias (dor de cabeça);
- Câncer;
- Doenças reumáticas (artrite reumatoide, gota, tendinite e bursite);
- Doenças crônicas (diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares);
- Problemas na coluna;
- Cirurgias.
Para cada dor, um tratamento
Cada caso é único. Quando o especialista busca definir o tratamento, procura identificar a origem e as características da dor e buscar informações sobre a saúde do paciente, a fim de escolher a melhor abordagem.
Não existe um tratamento que seja eficaz para todas as síndromes dolorosas crônicas. Geralmente, há a necessidade de associar o uso de medicamentos, fisioterapia e procedimentos intervencionistas, como bloqueio de nervos ou infiltração de substâncias. Os procedimentos de neuromodulação cerebral ou medular podem ser um excelente tratamento para a dor crônica, especialmente em quadros complexos.
Estimulação magnética transcraniana (TMS): é um procedimento não invasivo que libera uma energia que gera despolarização dos neurônios. Com sessões repetidas, a TMS auxilia no restabelecimento do padrão de funcionamento cerebral. Essa estimulação costuma ser realizada no córtex motor do paciente. O número e a duração das sessões são variados de acordo com a resposta. A TMS também serve para o tratamento de depressão, zumbido, fibromialgia e transtorno obsessivo-compulsivo.
Estimulação medular (SCS): executada através de uma cirurgia na qual se implanta um eletrodo, na região cervical ou torácica, no espaço epidural (entre o osso e a medula), sendo conectado a um gerador (parecido com um marca-passo) que realiza uma neuromodulação na medula que controla a dor.
Estimulação do gânglio da raiz dorsal (DRG): última tecnologia desenvolvida para o tratamento da dor. É muito semelhante à SCS, mas neste caso o eletrodo é implantado no gânglio da raiz dorsal. Permite a melhora e o controle da dor nas pernas, pés, região pélvica, dor do herpes zoster, dor do membro fantasma. Também existe um gerador que é implantado no subcutâneo.
Estimulação cerebral profunda (DBS): conhecida para o controle da doença de Parkinson e distonias, pode ser utilizada para o controle da dor crônica e da epilepsia. Neste procedimento é introduzido um eletrodo no cérebro do paciente e é conectado a um gerador que fica sob a pele da região torácica. Este é o procedimento menos utilizado para o tratamento da dor crônica.
Bomba intratecal de infusão de fármacos (TDD): é implantada sob a pele da região abdominal e conectada a um cateter. Nesta bomba é possível colocar morfina com uma dose 300 vezes menor do que a tomada por via oral e que fica sendo liberada 24 horas por dia. Com isso se obtém alívio das dores, principalmente as relacionadas com o câncer. A dose pode ser aumentada de acordo com o grau de dor do paciente. A medicação é reposta através de uma punção direta sobre a bomba, não sendo necessário nem anestesia local.
Cada um destes procedimentos é indicado para um tipo específico de dor, sendo necessária uma avaliação criteriosa do neurocirurgião.
Não permita que a dor crônica limite sua vida. Descubra as novas formas de tratamento e encontre alívio duradouro. Agende uma consulta com o Dr. Anselmo Boa Sorte, especialista em neurocirurgia funcional e dor.
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