Como funciona o implante de marca-passo cerebral: um guia completo

Postado em: 10/07/2023

Uma alternativa para pacientes com doenças neurológicas (Parkinson, distonia ou tremor essencial) que apresentam sintomas em estágios moderadamente avançados (geralmente cinco a dez anos após o diagnóstico) é o implante do marca-passo cerebral

O dispositivo é semelhante ao marca-passo cardíaco: é pequeno e funciona com impulsos elétricos. Ele age sobre as áreas do cérebro afetadas pelo distúrbio, regredindo dor, tremor e rigidez. Isso dá mais qualidade de vida ao paciente. Ele resgata a própria autonomia para realizar tarefas diárias e adia o aparecimento de sinais secundários da doença, como a depressão.

Para ser submetido à cirurgia, o paciente deve estar com boa saúde. O perfil mais indicado é de quem já passou pela fase na qual os sintomas não chegam a representar grandes limitações. O procedimento deve ser feito por um neurocirurgião especializado no tratamento cirúrgico de pacientes com distúrbios de movimento.

implante de marca-passo cerebral

O que é marca-passo cerebral?

A Estimulação Cerebral Profunda ou do inglês Deep Brain Stimulation (DBS), conhecida também como marca-passo cerebral, é um dos tratamentos invasivos mais eficientes e seguros para tratar distúrbios do movimento. A cirurgia não cura, mas na maioria dos casos controla diversos sintomas e melhora a qualidade de vida, com ganho de autonomia para o paciente.

Com a implantação do marca-passo cerebral, um grupo de neurônios é estimulado, restabelecendo a comunicação entre eles e, consequentemente, reduzindo as alterações. O tratamento vem sendo considerado uma técnica cirúrgica segura e eficaz, na neurologia, não só para indivíduos com Parkinson, mas para pessoas que apresentam movimentos involuntários, alguns tipos de tremor (como o tremor essencial), tiques e a síndrome de Tourette.

Indicações e critérios para a cirurgia 

A cirurgia de marca-passo cerebral é indicada para pacientes que apresentam critérios específicos. É essencial um diagnóstico preciso da doença de Parkinson e avaliar se as medicações estão oferecendo os efeitos desejados. Vale considerar também se o paciente enfrenta redução significativa na qualidade de vida devido à dificuldade no controle dos sintomas, como problemas de locomoção, tremores, lentidão nos movimentos ou dor. Normalmente, recomenda-se que a pessoa tenha pelo menos cinco anos de diagnóstico de Parkinson para uma avaliação mais exata.

Indivíduos que sofrem de distonias e outras formas de tremores, incluindo o tremor essencial, podem obter muitos benefícios com a estimulação cerebral profunda. No entanto, existem algumas contraindicações para a cirurgia DBS. Pessoas com sinais de demência, doenças psiquiátricas graves e problemas relevantes de equilíbrio e marcha podem não ser adequadas para o procedimento. 

O médico neurologista costuma operar com relativa tranquilidade pacientes até os 70 anos. Mas a partir dessa faixa etária, é necessário ter um cuidado maior e uma avaliação individualizada para determinar a adequação do tratamento. 

Como é feita a cirurgia de marca-passo cerebral?

A cirurgia leva, em média, 6 horas e inclui preparo com realização de imagem pré-operatória, anestesia, implante de eletrodos cerebrais com a realização de testes neurológicos intraoperatórios e implante do neuroestimulador (uma espécie de marca-passo cerebral).

Na mesa cirúrgica, a pessoa permanece acordada, com anestesia local. Dois cortes de quatro centímetros são feitos na parte frontal da cabeça e, em seguida, dois pequenos furos no crânio. Com muita precisão, um eletrodo de teste é colocado no cérebro, em que os médicos avaliam a resposta imediata (se os tremores pararam, por exemplo).

Se estiver tudo certo, os eletrodos definitivos são colocados. Geralmente são dois, um de cada lado do cérebro. Por fim, com anestesia geral, a equipe médica implanta um pequeno gerador abaixo da clavícula, semelhante a um marca-passo cerebral, que vai enviar os pulsos elétricos para o cérebro.

A recuperação costuma ser rápida e o paciente tem alta hospitalar cerca de 48h após o procedimento, sem restrição da mobilidade. A estimulação controlada com a ajuda dos eletrodos implantados modula o circuito defeituoso restabelecendo a transmissão de informação neural e consequente retorno do controle do movimento.

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